Neusa Bernardo Coelho, conhecida como "Poetisa Brisa do Mar", é formada em Farmácia, mas encontrou na escrita, na História e na poesia sua verdadeira vocação. Com uma carreira literária intensa, possui livros publicados de poesia livre e também se dedica à criação de poesias metrificadas e sonetos. Entre suas principais obras, destacam-se um livro sobre a trajetória de Zilda Arns e outro sobre a história do município de Palhoça.
Neusa já foi reconhecida com diversos prêmios em concursos literários nacionais e internacionais. Outorgada em 2024 com a Medalha Antonieta de Barros, entre outras honrarias na Câmara Municipal de Palhoça.
Em agosto de 2024, foi agraciada com cinco premiações no Nordeste no Concurso "500 Anos de Camões", promovido pela Rede Sem Fronteiras, de Lisboa. Sua produção literária inclui a participação em mais de cem coletâneas e antologias, algumas traduzidas para o inglês, italiano e alemão.
Neusa está Presidente da Academia de Letras de Palhoça. É Membro do Instituto Cultive/Genebra, da Rede Sem Fronteiras/Lisboa, do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da AJEB/SC e da Academia de Letras do Brasil/SC - Seccional Águas Mornas. Na Academia Catarinense de Cordel (ACC) é membro e tutora.
Atuou no Conselho da Saúde e da Mulher. Em 2023 foi eleita Conselheira titular no Conselho de Políticas Culturais no Município de Palhoça para a segunda gestão.
Redes Sociais:
IG: @bcoelhoneusa
Facebook: Neusa Bernado Coelho
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a) Comente sobre de onde vem sua história com a palavra escrita.
Desde os primeiros anos de escola, sempre nutri uma paixão profunda pelos estudos. Lembro com carinho de quando escrevia cartas para minha avó materna, que eram enviadas pelo correio. Hoje, meu maior propósito é registrar e compartilhar conhecimento, emoções e cultura, com o objetivo de deixar um legado significativo para as futuras gerações.
b) E como você seguiu nesse caminho?
Após minha aposentadoria como farmacêutica, decidi retomar os estudos e me formei em Artes Visuais e História. Em 2015, fui classificada em um concurso online de poesias promovido pela Academia de Letras de Palhoça (ALP), o que me levou a ingressar na instituição por meio de edital. Minha entrada ocorreu a convite da então presidente, Sonia Terezinha Ripoll Lopes (in memoriam
c) Como é seu processo de criação com a escrita?
Meu processo criativo pode ser desencadeado por uma leitura, uma lembrança, uma inspiração momentânea ou até mesmo por uma experiência cotidiana. Inicialmente, coloco as ideias no papel e a "mágica" acontece ao longo das revisões.
A primeira etapa é um rascunho, onde deixo as ideias fluírem livremente, sem me preocupar com a perfeição. Esse rascunho pode ser inspirado por uma paisagem, um sonho, uma lembrança ou uma leitura. Depois, organizo o tema central e desenvolvo os personagens ou a narrativa. Em seguida, reviso e reestruturo o texto, sempre buscando aprimorar a clareza.
Muitas vezes, deixo o texto de lado por algum tempo e, ao retornar, faço ajustes que podem ser sutis ou significativos, mas que fazem toda a diferença no resultado final. Nesse processo, elimino repetições, termos desnecessários e corrijo erros ortográficos, gramaticais e de pontuação.
Na etapa final, decido se o texto será publicado, submetido a um concurso ou guardado para uma publicação futura. No caso de poesias ou cordéis, o processo é mais rápido, dado o domínio da técnica, enquanto crônicas e contos exigem um cuidado maior com a estrutura narrativa, tornando sua construção mais demorada.
2) Quais suas principais influências literárias?
A leitura de literatura clássica tem desempenhado um papel crucial na formação do meu estilo literário. Com minha formação acadêmica em História e Artes, utilizo a História oral, a pesquisa e o estudo aprofundado da poesia clássica como base para meu trabalho. Dedico-me especialmente ao soneto e a formas poéticas como o decassílabo e o hendecassílabo, que, apesar de serem mais desafiadoras de compor, revelam uma beleza única e singular.
3) Você tem alguma formação literária, estuda por conta própria ou escreve de maneira intuitiva? Como é seu processo de busca por aprimoramento em seu fazer literário?
Como já mencionei, minha formação em Artes e História, juntamente com meu contínuo aperfeiçoamento, molda meus principais estilos de escrita: História, poesia e cordel. No entanto, também me aventuro na criação de crônicas e contos. A técnica do cordel, que aprendi na Academia Catarinense de Cordel (ACC) com a professora Salomé Pires, foi essencial para o meu domínio de métrica e rima.
Tenho grande iração pela obra de autores clássicos catarinenses, como Roberto Rodrigues de Menezes e Cruz e Sousa, além de nutrir um apreço especial pela escrita de Maura Soares e Eloah, Salomé, entre outros clássicos e História regional, cujas obras enriqueceram meu olhar e estilo literário.
4) Quantos livros/coletâneas você tem publicados? Você pode falar um pouco sobre as características de sua escritura?
Entre antologias e coletâneas, já participei de mais de cem obras em coautoria. Além disso, sou autora de quatro livros solo, que abordam temas de História e poesia, além de ter publicado quatro livretos de cordel. Também contribuo para diversos cordéis coletivos, no estilo de mote e glosa.
Um dos meus trabalhos mais marcantes foi sobre minha patrona na Academia de Letras de Palhoça, que resultou no livro Tributo a Zilda Arns, onde relato a trajetória da missionária e fundadora da Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa. Inspirada pelo exemplo dela, implantei, há 25 anos, a Pastoral da Criança em Palhoça, na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré.
Minha obra mais recente, Palhoça no Como do Tempo, é um livro ilustrado em cores, que apresenta um conteúdo rico sobre a história do município. A obra revisita o ado de Palhoça, quando a cidade produzia e transportava mercadorias pelo mar até Desterro, e faz um paralelo com a Palhoça atual, uma das cidades de maior crescimento em Santa Catarina. O livro também destaca a diversidade cultural e natural de vários bairros da cidade.
Sobre as características de minha escritura:
Adapto meu estilo de escrita de acordo com as exigências do texto, do público e do contexto. Priorizo a clareza e a ibilidade, ajustando-me a diferentes estilos, audiências e gêneros. Por exemplo, em editais de concursos, adoto uma abordagem mais formal e acadêmica, com base em pesquisas. Já em outros contextos, utilizo um tom mais descontraído e coloquial, dependendo da necessidade.
Na poesia, foco no ritmo, na sonoridade das palavras e na fluidez das frases. Ao compor uma décima no cordel, sigo o esquema de rimas ABBAACCDDC, com versos heptassílabos, também conhecidos como "redondilha maior", que possuem sete sílabas poéticas. Quando uso o sistema de mote e glosa ou crio uma décima sem mote, construo toda a estrutura com cuidado.
Dou grande importância às ilustrações coloridas em publicações, pois elas tornam o livro mais atraente e convidativo. As ilustrações permitem que o leitor se envolva de forma mais profunda na narrativa, dando vida aos personagens, cenários e cenas, e enriquecendo a experiência de leitura. As imagens funcionam como um complemento valioso para a compreensão e imersão na história.
5) Qual o papel das redes sociais para o seu trabalho de escritora?
Divulgo meu trabalho por meio de diversas mídias. Sou colunista do portal online Cidade de Palhoça, onde publico artigos sobre História. Recentemente, comecei a investir em marketing nas redes sociais, contando com o apoio de uma consultoria especializada em social selling, que me auxilia nesse processo de ampliar minha presença e engajamento online.
Recebo s extremamente positivos dos leitores através das redes sociais.
6) Que conselho você daria a um aspirante a escritor?
Manter o hábito da escrita é fundamental. Mesmo quando a inspiração não surge, escreva com regularidade; isso ajudará a refinar seu estilo. Experimente diversos gêneros, estilos e épocas literárias. O caminho da escrita é um constante aprendizado, e cada palavra escrita é um o adiante nesse processo
7) Que mensagem você deixa para nossos leitores?
A escrita e a leitura são portas para novos mundos, ideias que transformam emoções intensas. Cada livro, texto ou frase que você lê oferece uma nova perspectiva sobre o mundo e sobre você mesmo. Continue explorando, questionando e se encantando com as histórias e o conhecimento ao seu redor. A leitura é um diálogo constante com o mundo, e cada leitor contribui para manter acesa a chama da curiosidade e da sabedoria.
Muito obrigada,
Rosangela

De Neusa Bernado Coelho para Rosangela Calza
Entrevista de Escritores Contemporâneos Linha Popular (LP) Camboriú Santa Catarina
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